segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Corrego das Antas - Mais uma grande anedota escrita...

Buscando formas e jeitos de como escolher a melhor forma de começar a descrever, destrinchar, relatar, enfim contar tudo como aconteceu essa grande, ou melhor, gigantesca mentira, perguntei aos que me seguiram, como deveria fazê-lo e a resposta foi obvia: “do começo”! Mas como começar do começo sem os termos que mais se fizeram presentes, Indescritível, Sensacional, Única, enfim segue-se o começo...

Indescritível, Sensacional, Única assim projetamos, desenrolamos e concretizamos toda a mentira e com base no: Era uma vez 3 grandes amigos e pescadores que juntaram-se com todos os ingredientes necessários para fazer de um final de semana comum uma anedota inesquecível...

Com o principal confirmado, seguimos o planejamento, levantamos os custos e inserimos em uma planilha para após a pescaria servir como parâmetro para as próximas. As Iscas, pedágio, combustível, alimentação, taxas do pesqueiro, entre outros foram estipulados e calculados.

Na sexta feira que antecedeu nossa saída o Gu começou a me ligar a todo instante dizendo: “que não estava dormindo direito, que não via à hora de chegar à sexta, dia da nossa saída e que estava perto de ter um enfarte”. Pois é, de ter passado a semana sem dormir já vos adianto de que ele não fez outra coisa no Córrego alem de dormir.

Saida 1.
Saida 2.

A grande sexta veio com tudo previamente combinado, sairíamos as 13h00, porem as 15h00 ainda nem tínhamos colocado as tralhas no carro. Por volta das 15h30m tudo estava pronto e amarrado no carro e assim seguimos rumo ao tal Córrego das Antas, como pensado e de fato acontecido a viagem foi longa e demorada, pegamos um leve transito de 1 hora na Castelo quase que totalmente parados sob um calor daqueles de derreter, após esse pequeno empecilho seguimos a diante rindo com as historias, que como digo só faltavam andar... Não e a toa que pescador tem fama de mentiroso, quando o peixe não vem sobra tempo para explorar a nossa criatividade.

Seguimos pela Rodovia Castelo Branco ate o km 210, pegamos o acesso a Rodovia Marechal Rondon e seguimos por um longo caminho, longo bem longo... Nada comparado a ir para Matogrosso, pantanal ou qualquer outro local com pouco peixe, mas digo que foi longo o tal do caminho!

No km 501 da Rodovia Marechal Rondon nos deparamos com a placa de Glicério, adentramos na pacata cidade, paramos no primeiro estabelecimento que pudesse nos ofertar uma sagrada e gelada água com cevada e lúpulo, confesso que a tal fez aquele curto espaço de tempo parar por alguns segundos enquanto o liquido descia pela garganta, brindamos nossa chegada a Glicério e mais logo à frente tivemos a nossa primeira vista do paraíso o Córrego das Antas.

Placa de entrada do Pesqueiro.

Já era algo em torno das 21h25m quando o Gu parou o carro de fronte ao restaurante do pesqueiro, descemos calmamente para ter alguns minutos de prosa com o senhor que estava do outro lado do balcão... As velhas perguntas de sempre o deixaram o desnorteado, “Ta saindo peixe? Que peixe? Que isca? Como? Que lugar e bom?” E ele respondeu de uma só vez... “ta saindo, muito Tamba e muita Pirarara, com o que jogar na água você pega e pra pegar e só parar em qualquer canto do lago e jogar a isca... Com o sorriso estalado de orelha a orelha, perguntamos do Pintinho, isca que mais chamou a minha atenção, era o tal do “pintinho”, parece estranho, mas não é, la no Córrego a isca e o pintinho, e pode parecer historia ou conto, mas ate as carpas se alimentam do bicho. Segundo informações, há uma granja próxima ao pesqueiro e toda a semana morre centenas de pintinhos e o fim dos bichos e a barriga, principalmente das Piras e Tambas. Outro fator interessante e que os pintinhos são de graça!

Após encher o isopor de cerveja e de ter pego um balde com um monte de pintinho, agora era só achar o lugar certo, acampar e arrumar toda a tralha de cara para a água. Escolhemos um local próximo a uma “pequena ilha de mato” do outro lado do lago de frente a lanchonete. Armamos a barraca, tenda, ajeitamos tudo o que era para ser arrumado, enfim a parte que estávamos esperando, a tralha... E foi assim 4 varas para cada um, com Pintinho, Tuvira, Minhocoçu, Tilapia...

Local de Pesca.

A primeira vara a envergar foi desse pescador que vos fala, a vara envergou e a linha correu, e como correu. A minha espera foi longa ate ter o privilegio de estar ali, e enfim o dia luminoso chegou, e eu estava com um peixe do outro lado da linha no lugar que tanto desejei estar e que tudo indicava ser um peixe Arara, mas a duvida de ser, levou longos minutos de muita briga, eis o vermelho que jamais esquecerei apareceu, o vermelho do rabo da pira foi o estopim para uma explosão de longos berros. A espera pela primeira pira foi longa, mas valeu cada dia de espera. Enquanto isso com a pira próxima a margem o Juninho engatou algum outro bicho... O que me faltava era eternizar o momento com o bicho no colo e estampado em um belo retrato. O trabalho com o Peixe Arara continuou ate abrigar se no repouso do passagua...

A minha primeira Pira estava em meus braços para plena satisfação e admiração por sua enormebeleza.

Ale – Peixe Arara – 14kgs – isca Tuvira.

Ale - Peixe Arara.

O Juninho, com o bicho enfezado na linha, só conseguia dizer: “vai estourar, agora já era” isso toda vez que a linha saia enfurecida do molinete, ate que o safado do peixe resolveu correr pro lado direito da margem do lago, levando tudo o que havia pela frente, e eu com o passagua nas mãos fui à busca do bicho quando cheguei me deparei com o pequeno “bezerro” que assim como a anterior adentrou-se ao passagua e pesou e como pesou... Eu olhava para a cara do Juninho e não conseguia ver outra coisa a não ser o seu longo e eterno sorriso...



Juninho – Peixe Arara – 30kgs – isca Pintinho.

Logo nos primeiros minutos com nossas varas arrumadas e já duas piras, uma de 30 e outra de 14, o sinal de que a noite era longa e prometia outras mais não nos deixava. Mas o que era previsível, apenas não realizou-se, eu ainda fisguei uma carpa espelho usando pintinho como isca e mais dois Tambas de 4kgs.


Ale - Tambinha.


Ale - Surpresa, as carpas tambem comem Pintinho!

O Juninho fisgou mais um Tamba e foi fazer companhia para o Sonâmbulo Gu que já estava no seu décimo sonho... A primeira madrugada passou com um médio saldo e comigo a companhia do Senhor Isopor, com cervejas que se foram quando o dia clareou...

Juninho - Tamba.

O dia chegou e com ele muitas ações, mas em 95% sem aproveitamento, os peixes estavam manhosos, mordiam, levavam e soltavam...

O Gu engatou um que tomou quase toda a linha da carreta ate soltar-se e frustrar o pobre coitado...


Gu e alguma coisa do outro lado da linha...
No meio do dia a fome bateu e seguimos para o almoço com a esperança de na volta, a tarde ser mais efetiva e trazer alguns para a foto... As ações continuaram como no período da manha, bem como os insucessos... Risadas, e pequenas e grandes mentiras destrincharam a tarde e no final dela a promessa de uma grande noite pela frente. Com o dia escurecendo as varas começaram a demonstram o porquê vieram e envergavam se sentido a água como uma veneração aos peixes, assim tirei da águas mais alguns Tambas... De pequeno porte, todos na faixa dos 4kgs...

Assim começavam as mentiras...
Os meus olhos davam longas piscadas, mas a ansiedade de grudar em um gigante não me deixava dormir, ate ali eu não tinha pregado os olhos desde as 08h00 da manha de sexta... Por volta das 00h00 o Juninho e o Gu já não estavam mais em minha companhia e assim como na noite anterior foram repousar no descanso da barraca, bom pelo menos alguém iria dirigir sem sono e tranqüilo na volta...

De repente uma de minhas varas envergou ate sua ponteira beijar a água quando fisguei o bicho e a linha começou a deixar o carretel levando os primeiros metros do mais de 180 presentes... Ao olhar para o lado vi uma das varas do Juninho “caminhando” em direção a água, a tal da vara parecia que tinha vida, soltei a frisão da minha carreta e coloquei a no apoio de vara, corri em sentido ao molinete do Juninho e assim como na minha fisguei o tal do peixe e comecei o trabalho... Incrível, foi olhar para o lado e mais uma das varas do Juninho estava a caminho da água assim mais uma vez soltei a frisão do molinete, coloquei em repouso no apoio e la estava eu com o terceiro peixe fisgado, aparentemente esse não parecia ser grande, soltei sua frisão, coloquei no apoio e dei uns berros para ver se alguém se mexia, ou se manifestava mas sem sucesso pois ninguém acordou... Peguei a segunda vara e comecei a trabalhar o peixe e após longos minutos de briga o peixe aproximou se da margem mas sem dar as caras, pelas “cabeçadas” aparentava ser um bom Tamba, eis que o Juninho levantou se e sem entender nada pegou no passagua e trouxe para a foto um lindo Tamba de 18kgs.

Ale – Tamba 18kgs – pintinho como isca.

Após soltar o peixe, fui ate a primeira vara fisgada e quando vi que os 180 metros de linha estavam próximos do fim, fechei a frisão e começou a longa briga... Com a minha vara em uma das mãos, fechei a frisão do 3ª molinete que tinha fisgado e com a vara no apoio, dei algumas enroladas na manivela, senti que o peixe ainda estava ali, tirei a vara do apoio e dei mais uma leve fisgada, ate o peixe tomar linha, passei a vara para o com a seguinte frase: “Juninho, tira esse aqui”! O Juninho com os olhos pregados e sem entender nada pegou a vara em suas mãos e começou a brigar com o bicho, trazendo para a foto um pacu de 10kgs...

Juninho - Pacu 10kgs.

Eu continuava a briga com o bicho que já durava mais de 30 minutos, ele corria para os dois lados das margens levando tudo o que via pela frente, quando acreditei que ele já estava cansado e já próximo da margem, vi o enorme “vermelho” do rabo ele tomou linha, como nunca vi antes e correu para o lado esquerdo do lago enroscando a minha linha com a dos amigos e pescadores que estavam abrigados ao nosso lado, porem não deu tempo de avisá-los para soltar a frisão de seus equipamentos, ele enroscou de tal forma naquele emaranhado de linhas que a minha 0,50 não suportou a pressão e rompeu se deixando o maior rabo vermelho que já vi na vida ir embora...

O Juninho deixou mais uma vez o recinto, onde o sono prevaleceu e foi dormir com o Gu. Com a s varas na água as ações continuaram e muitos Tambas vieram para a foto ate o dia clarear, muitos acima dos 10 kgs, sendo dois em torno dos 14kgs... Sem ninguém para o auxilio com a “foto” ficou difícil retratar todos, mas em algumas vezes o amigo pescador ao lado veio me ajudar, por horas com o passgua e em outras com a maquina fotográfica na mão...

Ale - Tamba.

Ale - Tamba.
Acredito que nesta noite fisguei mais de 20 Tambas, trazendo muitos para a foto e outros deixando somente a lembrança na memória...

O dia clareou e ainda sim os peixes estavam saindo... O Juninho acordou assim como o Gu e mal sabiam eles o que tinham perdido naquela madrugada...

Os amigos pescadores ao nosso lado direito pegaram um barco do pesqueiro e levaram as iscas ate o meio do lago, não demorou muito e la estavam eles brigando com uma boa Pirarara...

A nossa vontade de brigar com outras Piras, era grande e copiamos o tal feito, levando as nossas iscas ate o meio do lago e as deixamos no aguardo de alguma Pira... Não demorou muito para a minha vara começar a envergar, fisguei e assim como na noite anterior a linha começou a sair da carreta como se não houvesse frisão por mais travada que estava porem mais uma vez a safada da possível Pira soltou a isca e eu fiquei com a sensação de que mais um gigante alimentou se como quis e se foi.

O tempo já era curto e a necessidade falou mais alto, amontoamos a tralha de volta ao carro, pagamos o devido e seguimos de volta com o retorno aos nossos lares, as risadas e os novos contos continuaram dentro do carro... Quem vai para aqueles lados deve ficar atento ao combustível, os postos de combustível são afastados, o carro que o diga, pois o combustível acabou e o que restou foi pedir uma carona ate o próximo posto e alguns minutos mais tarde la estava o GU com um galão de álcool nas mãos para dar o que de beber ao pobre carro. O retorno continuou e as paradas na estrada se fizeram presentes. Dormir mesmo, eu só dormi quando cheguei em casa e isso após desfazer todas as malas e apetrechos pescaticios, ai sim um bom banho para voltar a civilização, e por fim descansar e sonhar com os rabos vermelhos e com a próxima visita. Após 62 horas com os olhos abertos, quase que 62 horas pescando, por mais que eu escreva ou tente descrever o que foi esse final de semana, jamais me aproximarei do que de fato foi. E o principal mais uma vez foi o primordial, estar com os amigos “rachando o bico”.

Córrego... Que Saudades!!!

Abraços e att.
Alexandre Coimbra.

*Ao Gu e ao Juninho, espero pelo complemento das mentiras, e ou fatos que me falham...

O Diário da Viagem:
O nosso trajeto:

Ida
Saída: Mairiporã
Horário: 15h30m

Trajeto de ida:
Estrada municipal Luiz Salomão Chama – Estrada da Santa Inês – Laranjeiras – Rodoanel – Rodovia Castelo Branco – Rodovia Marechal Rondon – Estrada Prefeito... – Estrada de terra ate o pesqueiro

Chegada: Córrego das Antas
Horário: 21h25m

Combustível: 2 tanques =R$142,00

Pedágios:
Rodoanel: R$1,35
Castelo Branco: R$2,90 - R$6,55 – R$8,95 – R$8,95
Marechal Rondon: R$3,45 – R$3,85 – R$3,75 – R$3,55 – R$3,35 – R$4,10 – R$4,50
Total: R$55,25

Retorno
Saída: Córrego das Antas - Glicério
Horário: 12h45m

Trajeto de volta:
Estrada de terra do pesqueiro - Estrada prefeito... – Rodovia Marechal Rondon – Rodovia Castelo Branco – Rodoanel – Laranjeiras - Estrada da Santa Inês - estrada municipal Luiz Salomão Chama.

Chegada: Mairiporã
Horário: 19h40m

Combustível: 2 tanques =R$140,00

Pedágios:
Marechal Rondon: R$4,50– R$4,10– R$3,35– R$3,55– R$3,75– R$3,85 -R$3,45
Castelo Branco: R$8,95– R$8,95- R$6,55 – R$7,90 - R$2,90
Rodoanel: R$1,35
Total: R$63,15

Total de pedágios: R$118,40
Total de Combustível: R$282,00
Total de kms rodados: 1083

Iscas:
Tuvira: 100 unidades
Minhocoçu: 40 unidades
Cabeça de Tilapia
Pintinho (do próprio pesqueiro) muitas foi à isca principal
Massas
Minhoca

Gastos do Pesqueiro:
Txa de Pesca:
Sexta para sábado R$18,00
Sábado R$18,00
Sábado para domingo R$18,00
Almoço de sábado R$16,00 self service
Cerveja lata R$2,20 = 24 latas
Refrigerantes: R$2,80 – 600ml - 6 unidades
Outros gastos:
Paradas na estrada
Chegada a Glicério
Ale - Pira 1.
Ale - Pira 2.
Juninho e Ale - Pira.
Juninho - Pira.
Sorriso estalado de orelha a orelha...
Juninho - Pira.
Juninho - Pira.
Gu fazendo o que foi para fazer: "DORMIR"!
Ale - Tamba.
Ale - Tamba.
Juninho - Tamba.
Ale - Carpa Espelho.
Durante a noite...
Amanhecendo o dia...

Ale - Tamba.
Ale - Tamba.

O 110, cachorrinho que ficava a noite inteira acordado e durante o dia dormia e como dormia...



Somente as Tilapias atacaram a cevadeira com miçanga...

































E assim o Combustivel acabou...